«Começou
como realizador de filmes de animação. Ganha a vida como ilustrador.
Diverte-se a fazer música. E entretanto descobriu-se escritor. Este
'artista faz-tudo' ganhou o Prémio de Conto da Associação Portuguesa de
Escritores.
(...) Um dia, decidiu, com a
mulher, Maria João, deixar a sua casa na Almirante Reis, em Lisboa, e
procurar um sítio onde tivessem "uma qualidade de vida melhor". Estão há
dois anos no Monte Novo. Estradas vazias, sempre a direito, o campo
alentejano salpicado por poucas casas. Um ar abafado nestes dias de
Julho até chegar quase a Almadafe, perto de Casa Branca, que fica perto
do Vimieiro, que, por sua vez, fica para lá de Arraiolos, antes de
Estremoz. Mudar assim foi um risco. Mas calculado. São freelancers (ela é
designer), sabiam bem o que queriam e não se arrependem. Lisboa fica a
uma hora e meia de distância, "não custa nada". Dentro de casa está mais
fresco. Uma sala enorme, uma chaminé, estantes de livros, o telefone
fixo (a rede de telemóvel não é muito fiável), um amplo espaço de
trabalho com computadores e seus acessórios. Têm até um computador de
reserva. "Não podemos correr o risco de ficar sem computador, seria
trágico." O gato gordo a dormir no tapete, brinquedos espalhados.
Silêncio. Três hectares de terreno, que "está agora um pouco
abandonado". Ele chegou a plantar algumas árvores, transferiu oliveiras,
teve uma horta, mas, até no Alentejo, os dias têm só 24 horas. "Não
tenho tempo. Tenho tido tanto trabalho", diz Afonso. Não é um lamento.
Antes pelo contrário.»
in http://www.dn.pt/gente/interior.aspx?content_id=1614941
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