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quinta-feira, 14 de março de 2013

A equipa de reportagem




    Para dar as boas-vindas ao escritor Afonso Cruz, a turma do ensino articulado, 6ºG, preparou uma atuação musical, cantando «A flor e o espinho», na versão da banda The Soaked Lamb, dirigida pelo professor Pedro Nascimento e acompanhada pelo Luís Bruno com o seu contrabaixo, do 7º ano do ensino articulado, a quem agradecemos especialmente a colaboração.
      Afonso Cruz nasceu em julho de 1971, na Figueira da Foz. É, além de escritor,  músico, ilustrador e realizador de curtas-metragens de animação,  tendo já ganho vários prémios de ilustração e de literatura.
       Afonso Cruz começou por falar do seu percurso.  A sua família achava que ele «era duro de ouvido», mas como gostava muito de música, comprou uma guitarra e começou a aprender sozinho, formou uma banda e lançou alguns discos. Mas a sua família também achava que ele era dotado para o desenho e por isso incentivou-o, mas Afonso Cruz, como ilustrador, afirma com convicção que não é preciso saber desenhar para se ser um bom ilustrador.
     Os sextos anos tinham perguntas preparadas para colocar ao escritor, enquanto os quintos tinham perguntas para o ilustrador, por isso realizaram-se duas sessões com um intervalo para autografar as obras adquiridas por alunos e professores.
         Perguntámos com que obra Afonso Cruz se identificava mais. Respondeu que se identificava sempre mais com aquela que estava a escrever no momento, porque é nessa que está mais embrenhado e com a qual estabelece maior ligação. De uma forma geral identifica-se com todas da mesma maneira.
        Quisemos saber em que é que se baseava para escrever as suas obras. Respondeu-nos que se baseava em várias coisas, muitas delas acontecimentos e factos reais vividos por ele ou por amigos seus ou familiares, tendo o autor referido como exemplo O pintor debaixo do lava-loiças, uma história verdadeira passada durante a II Guerra Mundial.
          Qual seria o autor da listagem de escritores referidos n' Os livros que devoraram o meu pai preferido por Afonso Cruz, perguntámos nós. A resposta foi que, apesar de gostar de muitos, um dos seus preferidos, e que nos chamou a atenção, é Dostoievski, porque na obra referida este nome aparece de uma forma muito destacada.
          Porque é que Elias e Gomez tinham ambos 12 anos? Ora a resposta foi clara, aos doze anos Afonso Cruz começou a ler «livros para adultos», sendo que esses livros eram os livros do seu pai.
            E porque é que os cadeirões são sempre às riscas? Era uma mera ligação àquilo que ele imaginava como sendo a realidade, pois quando era pequeno e lia livros, sentava-se em cadeirões às riscas no sótão da casa do seu pai.
          Perguntámos quais foram os países por onde mais gostou de viajar, respondeu então que a primeira vez que viajou foi para a Bolívia, viajou vários anos e aprendeu um bocado de cada cultura, mas afirma que gostou mais de ir ao Brasil porque lá é muito mais fácil de comunicar porque falam português, o que menos gostou foi a China porque lá era muito mais difícil de comunicar, uma vez que, por uma questão de educação os chineses não dizem «não», a comunicação ficava comprometida logo quando fazia a pergunta «fala inglês?» .

 A última pergunta feita foi porque é que optou por viver no Alentejo, respondeu que acha que tudo na vida são experiências, por isso decidiu experimentar sair de Lisboa, decidiu comprar uma casa no Alentejo e diz que por agora não quer voltar a viver numa cidade muito grande.
Na sessão do 5º ano, demos, mais uma vez, as boas-vindas a Afonso Cruz com as nossas «contradições». A propósito das nossas contradições, Afonso Cruz falou da sua obra A Contradição humana, disse que as crianças não entendem contradições, entendem os opostos, e por isso este livro não pôde ser considerado como de literatura infantil, pois as contradições existem na VIDA, só na vida existem contradições.
   Seguiram-se as perguntas elaboradas pela professora Maria João Machado e colocadas pelos alunos sobre ilustração:
1. É mais fácil ilustrar os seus textos ou ilustrar textos de outros autores? Quando o texto é de outro escritor, mantém uma relação próxima com o escritor?
Afonso Cruz respondeu que gostava mais de ilustrar os seus próprios livros, quando ilustra textos de outros escritores nem sempre os conhece, mas mantém relações de amizade com muitos dos escritores cujas obras ilustra.
2. Consegue dizer o que mais gosta de fazer? Ilustrar ou escrever?
O autor disse que era muito difícil responder a esta pergunta, era como perguntar a uma criança se gostava mais do pai ou da mãe.  Mas acrescentou que a música era aquilo que o fazia mexer. Resumindo, gosta de tudo o que faz.
3. Como descreve a relação entre o escritor e o ilustrador? Entre a escrita e o desenho?
 É uma relação perfeitamente natural, já entre a escrita e o desenho, para ele, é fácil, porque quando está a escrever já está a pensar na ilustração.
4. Quando o texto e as ilustrações são da sua autoria, o que nasce primeiro, a imagem ou o texto? 

Tal como já tinha dito anteriormente, o texto nascia primeiro, só depois desenhava, mas os desenhos também já estavam pensados.
5. Acha fácil traduzir as suas personagens em mancha, linha, traço e cor?

Afonso Cruz respondeu que se for ele a pensar nas histórias, mais uma vez, é fácil, mas se for outra pessoa não consegue responder. Os desenhos têm traços pretos, estes não existem na Natureza. As pessoas não têm a cara com traços pretos.
6. O aspeto gráfico da construção do livro é também da sua responsabilidade?
Às vezes sim, há capas de que é autor, mas também há livros como Os livros que devoraram o meu pai, cuja capa não é da sua autoria.
7. É escritor, ilustrador, realizador de filmes de animação e  um músico que compõe e toca... Isto é muita criatividade e muito talento! Como consegue gerir tudo isto?

É o que faz e não trabalha mais do que qualquer outra pessoa, mas o desenho vai sempre consigo desde criança. Começou por fazer desenhos de animação por acaso, foi o primeiro emprego que conseguiu. A música surgiu com um amigo e um CD só para eles próprios. Quando deram conta já tinham um CD editado. Mas a ilustração veio por e-mail, que inicialmente considerou como spam até que percebeu que era uma proposta de trabalho para ilustrar um livro de Alice Vieira. A partir daí nunca mais deixou de escrever e de ilustrar, é o que faz, trabalha com gosto.

No fim de cada sessão foram muitos os que bateram palmas e ainda autografou os livros dos alunos.
             
Beatriz Pombo
Beatriz Viseu
Inês Freire
Inês Malhado
Mafalda Mendes
Margarida Leal da Costa
Teresa Van Zeller Vasconcelos

1 comentário:

  1. Vim aqui ao blog para ver a reportagem da visita à nossa escola do escritor Afonso Cruz, à qual também tive o privilégio de poder assistir (a uma parte). Como professora de Português e como leitora assídua deste blog, não pude deixar de ficar indiferente à reportagem realizada por sete lindas meninas! Parabéns às novíssimas jornalistas pela vossa reportagem, pois está muito bem organizada, muito bem escrita e a focar todos os aspetos importantes! Só falta mesmo é saber o nome destas 7 risonhas e lindas meninas, que aqui provaram como fazer uma boa Reportagem!

    Foi um prazer ler o vosso texto e irei utilizá-lo com as minhas turmas de 9º ano, como um bom exemplo de uma tipologia textual tão importante!

    Beijinhos às 7 meninas jornalistas!

    Helena Perdigão

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