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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Se eu fosse...

  Eszter-Schalle


            Se eu fosse, um tema difícil de abordar, poderia ser tanta coisa poderia ser um pássaro a cantar, uma borboleta a voar, um peixe a nadar, uma borracha a apagar, um lápis a escrever, um cão a correr.
            Se eu fosse veterinária cuidaria dos animais com todo o meu amor e carinho.
            Se eu fosse astronauta iria visitar todos os planetas e veria todas as criaturas.
            Se eu fosse uma flor não gostaria de ser pisada, queria ficar numa jarra bem bonita a enfeitar uma mesa.
              Se eu fosse o vento viajaria para todo o lado, faria brisas frescas no verão e ventanias no inverno.
             Se eu fosse uma casa gostaria de ser bem tratada e estimada.
            Se eu fosse um inseto andava de campo em campo, de flor em flor em busca de néctar para beber, era uma vida sem preocupações.
            Se eu fosse um gato comia e dormia o dia inteiro.
             Se eu fosse o mundo não gostava de ser poluído.
            Se eu fosse uma caneta não gostava de ser deixada numa gaveta.
             Se eu fosse o sol dava luz todos os dias a todos os países do mundo.
            Eu gostava de ser muitas coisas do mundo inteiro e vale a pena sonhar porque um dia talvez consiga. 
Beatriz Caeiro
6ºG

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Se eu fosse um caderno



Se eu fosse um caderno seria pautado, quadriculado ou de desenho, não importa, desde que pudessem escrever nas minhas folhas e que essas nunca mais acabassem.
Quando estivesse cheia de histórias, poemas, desenhos ou até mesmo com autocolantes que as raparigas, principalmente colocam em mim, eu ficaria completa e feliz.
            Também fico a pensar que afinal sou útil para alguma coisa como para a escola, para um livro de histórias e poemas, ou um simples caderno de desenhos cheia de rabiscos e com imensas cores e que ao mesmo tempo ficam tão bem que os outros cadernos também gostavam de ter essas cores. Mas eu até posso ser um caderno porque na minha cabeça tenho muitas coisas guardadas que jamais me esqueceria e que se eu fosse mesmo um caderno já não tinha mais espaço onde poderia escrever esta imensidão de memórias que ficam sempre guardadas.
Beatriz Vizeu
6ºF

 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

As palavras e as ideias são como as cerejas: vão umas atrás das outras


Se eu fosse

Kaatje Vermeire      

  Se eu fosse feiticeira poderia enfeitiçar-me e conseguir voar. Poderia esticar a mão e acabar com a poluição. Poderia fazer chover comida e dinheiro para as pessoas viverem melhor e poderia voltar atrás no tempo e apanhar o candeeiro da minha avó que deixei cair quando tinha quatro anos. Partiu-se.
            Se eu fosse uma estrela brilharia toda a noite e olhava pelas pessoas. Brilharia mais que o sol até que explodiria definitivamente.
 Se eu fosse uma gota de água poderia cair no chão e formar uma poça, ou escorregar numa cascata. Poderia encher-me de sal e ai passaria a ser uma gota de água do mar.
         Se eu fosse uma máquina fotográfica poderia registar todos os momentos importantes de uma vida e guardá-los-ia como se fosse ouro.
            Se eu fosse uma guitarra, as pessoas poderiam tocar-me. Poderia dar um concerto ou ajudar uma criança a adormecer.
 Eu poderia ser muita coisa mas também gosto de ser como sou.

Inês Freire, 6ºG

Recuperando o Dia da Mãe, Herberto Hélder

FONTE (II)

No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e órgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo. São
silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos, porque
os filhos estão como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudeza de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível
amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado por dentro do amor.

Almada Negreiros

Pó, Pedro Mexia


Nas estantes os livros ficam
(até se dispersarem ou desfazerem)
enquanto tudo
passa. O pó acumula-se
e depois de limpo
torna a acumular-se
no cimo das lombadas.
Quando a cidade está suja
(obras, carros, poeiras)
o pó é mais negro e por vezes
espesso. Os livros ficam,
valem mais que tudo,
mas apesar do amor
(amor das coisas mudas
que sussurram)
e do cuidado doméstico
fica sempre, em baixo,
do lado oposto à lombada,
uma pequena marca negra
do pó nas páginas.
A marca faz parte dos livros.
Estão marcados. Nós também.

Jessica Bagley

サクマ


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Cartas de amor... Teresa Bilo



Évora 26/04/13
            Carlota, minha bela flor:

            Estou a escrever porque te amo e não consigo estar longe de ti. Onde quer que eu vá, oiço a tua voz doce que parece a luz no meio da escuridão, quando olho para o mar vejo os teus olhos na linha do horizonte.
            Que saudades tenho de olhar para o teu cabelo ao vento e de te abraçar. Quando não estás comigo fico perdido, mas quando estás a meu lado iluminas-me o caminho para a felicidade.
            Sem ti minha alma morre de desgosto sem ter outro caminho a traçar. Por favor, volta para mim, não me deixes abandonado nesta escuridão sem fim, pois só tu és a minha alegria e ninguém te poderá substituir.
            Não sou nada sem ti, nem irei ser se não voltares para mim. Só tu és a alegria, o amor, a felicidade, a luz, o mar, a terra e todo o universo. Por favor volta e não me deixes abandonado,
João
Moa Hoff

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dedicado ao meu cão Bruno, João Van Zeller Vasconcelos


Évora, 26 de abril de 2013

Passo algum tempo sem te ver, pois o tempo em que estou ausente no teu coração, estou a escrever poemas de amor para ti, na escola de André de Resende. Quanto mais tempo fico sem te ver, mais tempo fico ansioso por te ver, o meu coração aumenta de volume e os dedos dos pés estremecem.
Paro de escrever durante algum tempo... e volto a escrever até parar de pensar em ti.
          Acabei de receber a notícia de que o tempo escasseia, ainda bem, quanto menos tempo estiver aqui, passo mais tempo contigo.                                 
Quando chegar à cantina, vou comer mas sem ti, vai ser diferente, quando estou contigo comes de uma tigela, mas estou-me nas tintas.
Conheci-te no verão, eras bebezinho, e assim que te vi fiquei perdidamente apaixonado, pois tu lambeste-me e cheiraste-me sem poder mais.             
Assim que me vês noto que ficas maluco e não pensas em mais nada. Tu podes ser um cão, mas eu sempre te vou animar e tu a mim.
  
                                                    Dedicada ao meu cão Bruno.
        


Todas as cartas de amor...

Fernando Pessoa 
(Poesias de Álvaro de Campos)


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, 21/10/1935


Rachel Caiano

18 de maio, também em Évora