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terça-feira, 30 de abril de 2013

Exposição de pintura «Ensaio sobre a solidão»

No âmbito dos Recursos de Educação, a Câmara Municipal de Évora tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª a visitar a exposição de pintura “Ensaio sobre a solidão” de José Mouga que se encontra no Palácio D. Manuel até ao próximo dia 4 de maio, bem como solicita e agradece a Vossa colaboração na divulgação da exposição junto dos Vossos professores, alunos e funcionários.

Trata-se de um artista da maior importância no panorama das artes plásticas em Portugal, com amplo reconhecimento fora do país que foi durante muitos anos responsável pelo Departamento de pintura no Ar.co e membro da Direção. Foi professor agregado da FBAUL e coordenador do curso de pintura do IAO, da Universidade Autónoma de Lisboa. Está representado nas maiores coleções de arte de vários museus nacionais e estrangeiros.

No sentido de dar a conhecer algumas das obras de José Mouga o Serviço de Cultura da Câmara Municipal de Évora promove visitas de estudo à referida exposição.

A exposição retrata “ (…) figuras imaginárias e tutelares, nítidas e imensas como as sombras de Agosto. Surgiram, (…), do desenrolar de um fio de gestos íntimos e inadiáveis (…) [tecidos] em corpos de tinta da china. Primeiro sozinhas e encostadas a lugares de cal, depois acompanhadas de um cão tão negro como o piano imenso de onde saiam as primeiras notas da sonatina de Diabelli. (…) “.

INFORMAÇÕES_
Visitas guiadas para maiores de 12 anos.
Local | Palácio D. Manuel, Jardim Público de Évora: de 2ª a 6ª das 10h às 12h e das 14h às 18h. Sábados das 14h às 18h.
Todas as visitas têm marcação prévia:
Marcações de visitas |tel.: 266 777000 (extensão 2504 - Margarida Branco | Serviço de Cultura, Artes e Património Imaterial ou 2620 – Palácio D. Manuel, Sílvia Lopes).

HORÁRIOS_
Horário para visitas de> 12 – às 11h ou às 15h, durante a semana.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Para fazer o retrato de um Pássaro

Pintar primeiro uma gaiola
com a porta aberta.
Pintar depois alguma coisa bonita,
alguma coisa simples,
alguma coisa bela,
alguma coisa útil para o pássaro.
Encostar depois a tela a uma árvore num jardim,
num parque
ou numa floresta.
Esconder-se atrás da árvore
sem dizer nada, sem se mexer…
Por vezes o pássaro chega depressa,
mas pode também demorar longos anos até se decidir.
Não desanimar;
esperar,
esperar durante anos,
se necessário,
pois não importa
que o pássaro chegue depressa ou que demore,
para se conseguir
um bom quadro.
Quando o pássaro chegar, se chegar,
manter o mais profundo silêncio,
esperar que o pássaro entre na gaiola,
e quando tiver entrado
fechar suavemente
a porta com o pincel.
Depois,
apagar uma a uma todas as barras,
tendo o cuidado de não tocar em nenhuma das penas do pássaro.
Fazer depois o retrato da árvore,
escolhendo o mais belo dos seus ramos para o pássaro.
Pintar também a verde folhagem
e a frescura do vento,
a poeira do sol
e o zumbido dos insetos no calor do verão
e depois esperar que o pássaro se decida a cantar.
Se o pássaro não cantar é mau sinal,
sinal de que o quadro é mau.
Mas se cantar
é bom sinal,
sinal de que podes assinar.
Então, arranca muito suavemente uma das penas do pássaro
e escreve o teu nome num canto do quadro.
(Amanhã podes pintar outro.)

Jacques Prévert
Para fazer o retrato de um Pássaro

Caio Henrique

quarta-feira, 17 de abril de 2013

«Com Unhas e Dentes», Luís Filipe Parrado


Estar vivo
é abrir uma gaveta
na cozinha,
tirar uma faca de cabo preto,
descascar uma laranja.
Viver é outra coisa:
deixas a gaveta fechada
e arrancas tudo
com unhas e dentes,
o sabor amargo da casca
de tão doce,
não o esqueces.

20 poemas de amor e uma canção desesperada: Poema 14, Pablo Neruda




Brincas todos os dias com a luz do Universo.
Subtil visitadora, chegas na flor e na água.
És mais do que a pequena cabeça branca que aperto
como um cacho entre as mãos todos os dias.
Com ninguém te pareces desde que eu te amo.
Deixa-me estender-te entre grinaldas amarelas.
Quem escreve o teu nome com letras de fumo
entre as estrelas do sul?
Ah, deixa-me lembrar como eras então,
quando ainda não existias.
Subitamente o vento uiva e bate à minha janela fechada.
O céu é uma rede coalhada de peixes sombrios.
Aqui vêm soprar todos os ventos, todos.
Aqui despe-se a chuva.
Passam fugindo os pássaros.
O vento. O vento.
Eu só posso lutar contra a força dos homens.
O temporal amontoa folhas escuras
e solta todos os barcos que esta noite amarraram ao céu.
Tu estás aqui. Ah tu não foges.
Tu responder-me-ás até ao último grito.
Enrola-te a meu lado como se tivesses medo.
Porém mais que uma vez correu uma sombra estranha
pelos teus olhos.
Agora, agora também pequena, trazes-me madressilva,
e tens até os seios perfumados.
Enquanto o vento triste galopa matando borboletas
eu amo-te, e a minha alegria morde a tua boca de ameixa.
Quanto te haverá doído acostumares-te a mim,
à minha alma selvagem e só,
ao meu nome que todos escorraçam.
Vimos arder tantas vezes a estrela d'alva beijando-nos os olhos
e sobre as nossas cabeças destorcem-se os crepúsculos
em leques rodopiantes.
As minhas palavras choveram sobre ti acariciando-te.
Amei desde há que tempo o teu corpo de nácar moreno.
Creio-te mesmo dona do Universo.
Vou trazer-te das montanhas flores alegres, "copihues",
avelãs escuras, e cestos silvestres de beijos.
Quero fazer contigo
o que a primavera faz com as cerejeiras.
Shell Greenier

Oksana Grivina


A Dra Sandra Vinagre, professora de Matemática na Universidade de Évora, visitou mais uma vez a nossa BE para nos muscular o cérebro.